Tenho certeza que os leitores já tiveram acesso a dados estatísticos catastróficos a respeito do que vem acontecendo em nosso planeta: efeito estufa, desgelo dos pólos, desertificação etc. Em algum momento, seja através de uma leitura, do colégio, de um jornal televisivo ou mesmo de um documentário mais específico todos nós tivemos contato com o assunto.
No entanto, o que fazemos com essas informações? Há os que sofram uma espécie de epifania, outros saem para colocar gasolina. Mas não estamos aqui como juízes de ninguém (nem por isso deixaremos de problematizar essa questão).
O homem tornou-se um ser de muita teoria e pouca ação prática. Tudo aquilo que sabemos e pensamos não transcende o plano metafísico. Talvez por comodismo, talvez por estarmos desacostumados a fazê-lo. Não importa o motivo, o fato é que deixamos nossas ações sempre para o momento em que se tornem inevitáveis. Não temos a cultura da prevenção e isso se aplica a quase todos os aspectos de nossas vidas (talvez menos no mercado financeiro, pois apesar de todos os riscos, é a única coisa com que nos preocupamos em sermos precavidos).
Portanto, na questão do meio ambiente não seria diferente. Vivemos uma era pós-moderna caracterizada pela ruptura do tempo e do espaço, através da tecnologia e das telecomunicações. Alteramos o conceito de tempo impondo-lhe uma aceleração que consideramos compatível com nosso avanço tecnológico. Ou seja, cada vez mais tornamo-nos escravos do tempo e de uma rotina alienante.
O que isso quer dizer? Que a vida passa sem que nos demos conta dela e não é por acaso que os consultórios psicológicos estão lotados.
Isso se mantém no que diz respeito ao conhecimento. A futilização das informações que absorvemos tem se expandido de maneira incontrolável, pois não temos mais tempo para nos aprofundarmos nas coisas.
Assim, fechamos nossos olhos para os problemas que nos exigem tempo, os mais dramáticos (podendo encaixar aí temas como a fome no mundo), esperando a hora em que se torne inevitável a discussão à respeito.
Bem, podemos paralelamente observar um recente aumento das discussões sobre os problemas ambientais e o respeito à natureza. Será possível relacionar esses dois fatos? Claro que sim, alguns dirão até obviamente.
Concluímos assim que o fato de trazermos á tona um assunto tão profundo e importante está diretamente relacionado ao fato do homem ter plena consciência de que não pode mais esperar para problematizá-lo, pois já esperou até então.
Porém, os sujeitos individuais das sociedades, as pessoas em geral, não estão tendo acesso á essas discussões. Felizes as minorias que as têm. Sofremos uma enxurrada de informações, seja na televisão, em todos os periódicos, nos supermercados e lojas de serviço em geral, de uma hora para outra e nada sabemos que fazer com elas. Isso nos leva de volta à questão: o que fazemos com tudo isso que aprendemos?
O projeto225 surgiu para trazer a tal discussão para um nível palpável, para cada setor da sociedade, para todas as idades e classes sociais. Pode parecer um sonho impossível, mas através de ações simples desejamos atingir nosso objetivo.
Uma questão importante para nós, enquanto pensávamos as estruturas do projeto, era manter o caráter prático, trazendo para a materialidade aquilo que nos é jogado de forma tão aleatória na teoria. Queremos levar a explicação dos porquês e discutir a criação de novos meios de ação (mais simples e de baixo custo).
Como sempre afirmamos, nada disso é novo, não tivemos nenhuma idéia inovadora, porém, consideramos uma iniciativa até agora pouco explorada e absolutamente necessária para o futuro do nosso planeta. Afinal, de que adianta salvarmos o planeta com nossas tecnologias, mas continuarmos com a mentalidade consumidora e poluidora que o destruiria novamente?
A questão ambiental virou moda, portanto. Fabrica-se sacolas ecológicas de marcas que são vendidas a preços exorbitantes, algumas custando mais que 300 reais.
O que isso significa? Será que o homem não pode abrir mão dos seus preceitos capitalistas nem em relação a um assunto tão sério e crucial para a nossa sobrevivência e a de milhares de espécies?
Não podemos permitir que essa exploração desvairada nos impeça de agir corretamente e mudar nossos hábitos, pois se não há uma sacola retornável de 300 reais em nossas casas, com certeza há uma caixa de papelão que fará o mesmo trabalho. E se não pudermos comprar latões de lixo reciclável coloridos e específicos, podemos criar nosso próprio sistema de identificação familiar.
Queremos mostrar a todos como é simples tomar uma atitude e mudar velhos hábitos. É tudo uma questão de boa vontade. Não ousaria dizer de tempo, pois este nós não possuímos mais.
Portanto, quando se trata de salvar, preservar, respeitar, ajudar, plantar, despoluir, o nosso planeta, não é preciso mais entrar em conflitos teóricos: a hora de passarmos toda essa sabedoria para a ação já chegou.
Junte-se a nós e transforme a sua casa e a sua família, pois é somando pequenas mudanças que poderemos construir e exigir uma sociedade melhor.
Luciana Lira