Art. 225 da Constituição brasileira de 1988

"Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações"

31.1.11

Reciclar mais que objetos: reciclar idéias













As imagens acima mostram um pouco do que podemos fazer para reutilizarmos os materiais que não queremos mais. O Projeto225 produz suas camisetas e bloquinhos apenas com materiais que iriam ser descartados. As camisetas, por exemplo, são aquelas que estavam abandonadas, de lado, por estarem velhas ou manchadas. O que fazemos é pintá-las manualmente, dando um acabamento novo e uma utilização também nova: para o trabalho voluntário dentro do projeto.
Os bloquinhos de papel são produzidos com caixas de papelão, restos de papeis que já foram utilizados de um dos lados (provenientes das copiadoras da PUC-SP, que ainda não reciclam seu descarte), cordões velhos e pintura manual ou colagem. No caso dos bloquinhos em destaque nas fotos, as imagens da capa foram coletadas de agendas antigas que sempre possuem imagens ou versos interessantes. Para que nunca soube o que fazer com suas agendas antigas, aí está um ótimo exemplo de reutilização! Faça o seu também!

19.1.11

Diversão e sustentabilidade

O que fazer com as roupas que não queremos mais? A melhor alternativa é sempre doá-las para a caridade. Um gesto como esse não é apenas solidário e generoso, mas entra na categoria das ações ecologicamente corretas. Isso se dá porque aquelas pessoas que ganharem as roupas doadas não precisarão gastar dinheiro comprando e incentivando a produção de roupas novas. Alguns dirão que isso tudo é ruim para o mercado, para a economia, mas não é. Afinal de contas, as pessoas necessitadas não são os clientes em potencial de nenhuma indústria de roupas (deveriam, pois assim produziriam roupas de baixo curto e boa qualidade para que durassem mais).

Outra opção interessante é montar um bazar. O mercado de brechó cresceu em status nos últimos anos, com a incorporação de peças estilo “old school” às tendências da moda. Assim, mesmo as roupas antigas da sua avó podem ser reaproveitadas em um look completamente atual. Nesse sentido, montar seu próprio bazar com roupas coletadas das amigas, dos familiares, além de sustentável, é um bom negócio. Faça uma divulgação interessante, chame uma amiga cozinheira para montar uma barraca de lanches e seu bazar será um lugar divertido para ser visitado. A questão ambiental envolvida nesse processo é claramente a reciclagem ou reutilização das roupas. Isso garante que não se produza mais lixo, que o que ainda estiver bom será utilizado (mesmo que em um contexto completamente diferente) e que as pessoas não precisarão gastar mais dinheiro e recursos naturais para ter uma roupa nova. Além disso, você estará disseminando uma prática sustentável, servindo de exemplo para as pessoas do seu convívio.
A terceira opção (e aqui utilizarei um exemplo pessoal que achei muito interessante) seria a troca de roupas. A idéia envolvida é gerar uma circulação de roupas, ou seja, um círculo, em oposição a uma cadeia linear (produção, consumo, descarte). Reunir as amigas para trocarem de roupas chega a ser inclusive divertido, pois todos tem uma certa “tendência” a querer saber o que é melhor para o outro. Desta forma, cada uma com sua pilha de roupas que não quer mais (por várias razões como não servir mais, estar cansada de usá-la, ser um presente de alguém que você não gosta mais, enfim), é possível realizar uma troca que se mostra a melhor opção ambiental das três e eu explico o porquê.

Essa alternativa é interessante tanto por não gerar descarte quanto por não incluir o consumo de nenhuma das partes. As outras duas opções, por possuírem um modelo linear de movimento, exigem em algum ponto que se vá às compras novamente, afinal, só um dos lados está dando e o outro recebendo. Apesar de que o dinheiro gasto pela pessoa do bazar seria um dinheiro gerado por troca sustentável, a única maneira de garantir uma circulação das peças seria comprar suas roupas de outro bazar. Porém não há garantias de que esse exemplo continue. Enfim, o modelo de troca de roupas evita o consumo e não gera descarte por ser um movimento rotacional. Além, é claro, de ser uma boa alternativa para reunir seus amigos e se divertir com as possibilidades de customização. Quem disse que para ser eco é preciso ser chato?

Luciana Sonck

10.1.11

Contra a corrente

Hoje tornou-se corriqueiro o encaminhamento do lixo, tanto industrial como residencial, para aterros sanitários. O problema é que isso não é nem de longe uma solução para os resíduos: o crescente consumo aumenta o volume de lixo em um sistema que não está preparado para isso, algo que podemos verificar facilmente na mídia se interessa-nos estar consciente do processo.

A maioria das grandes empresas do país, percebendo essa tendência, assumiu o compromisso de dar outro destino aos seus descartes: um destino rentável e sustentável. O reaproveitamento do lixo industrial na própria empresa ou a venda desse mesmo lixo para outras empresas que o utilizam como matéria prima é uma ação extremamente importante para que a panela de pressão dos aterros sanitários não exploda.

Baseando-se nessa idéia a J&J lançou uma escova de dentes em 2010 com 40% de plástico reaproveitado dos restos de fraldas e absorventes da própria indústria. A porcentagem é pequena, mas a iniciativa é interessante, para o planeta e para a própria empresa. Assim, seria essencial que todas as empresas buscassem soluções desse tipo, ainda com a possibilidade de aumentar seus rendimentos.

Trazendo o exemplo para o âmbito doméstico, é possível diminuir a quantidade de lixo gerado diariamente com pequenas escolhas e olhar criativo. A desinformação é a principal causa de certos erros considerados banais, mas que somados causam grandes conseqüências. Por outro lado, a aquisição de informação é facilitada a cada dia, tornando-se um problema essencialmente de desinteresse pelos processos de geração e descarte das coisas que consumimos. Permitam-me um alerta: não seja você mais uma pessoa alienada.

Estamos tão acomodados por essa mesma facilidade de acesso à informação que nos esquecemos até mesmo de fazer escolhas. Alguém dirá sempre o que é melhor para nós, a mídia, a novela, a pessoa famosa que admiramos. Mas será que você sabe o que é melhor para você? Em que aspectos das nossas vidas tomamos nossas próprias decisões? Se pararmos para pensar, muitas das escolhas feitas no passado seriam revisadas. Vivemos o “embalo” da moda, das tendências, da tecnologia. Metaforicamente falando: desistimos de nadar e resolvemos boiar até que a correnteza nos leve a algum lugar que chamaremos de nosso sem termos escolhido se era isso mesmo o que procurávamos. Além disso, a falta de olhar para o futuro impera. É possível dizer que vivemos hoje a “engorda do presente”, um presente inflado, grandioso, que nos impede de ver o futuro numa relação causal de nossas ações.

Por isso a importância de fazermos escolhas conscientes e não movidas pela inércia do movimento à nossa volta. O consumo é de sua escolha. Quem passa o cartão, dá o dinheiro ou o cheque é você. Assim, nós somos os únicos culpados pelas nossas ações, pelo nosso lixo, por nosso comodismo. Acabar com a alienação é um processo que deveria começar por cada um de nós, que preferimos ser iludidos sobre a procedência e o destino das nossas coisas e ações num processo de auto-enganação.

Na prática isso significa escolher o que compramos com sabedoria, olhar o padrão de consumo doméstico que adquirimos, não esquecer o processo industrial e de descarte de tudo que compramos e principalmente: escolher o destino de nosso lixo. De todas as ações citadas a mais executada por todos nós é levar algo para o lixo. Porém isso é feito com extrema repugnância e desejo de livrarmo-nos rapidamente do empecilho. Como verificamos anteriormente, as próprias empresas brasileiras estão revendo essa idéia na busca do lucro. Por que não tornarmos essa uma característica também do povo?

Olhe para o seu lixo. O que pode ser reutilizado, reciclado? São três destinos completamente diferentes: ressignificação do objeto, ou seja, dar a ele outra função antes de descartá-lo (e isso pode ser com ou sem alterações manuais – ex. artesanato); enviar para reciclagem, onde outros farão as escolhas; jogar no lixo, acumulando toneladas e toneladas em aterros sanitários mal fiscalizados, à mercê do tempo de deteriorização dos materiais ou das pessoas que em condições de extrema miséria, vivem do perigo de adentrar o lixo em busca de alimentos ou objetos.
Mude em 2011: deixe o barco da inércia bater contra as pedras sozinho e reflita sobre seu grau de alienação. A consciencia é sempre melhor do que a auto-enganação.

Luciana Sonck