
Ao imaginarmos um futuro diferente, com menor exploração da natureza e do homem, um futuro sustentável, com sistemas inteligentes de uso e reuso dos materiais, com liberdade no mais amplo sentido, inclusive no de escolha, uma escolha consciente, não manipulável, não conseguimos enxergar paralelo a isso a continuidade da corrupção.
A sustentabilidade, atrelada a valores sociais como a justiça e a verdade, não pode existir com um sistema político de impunidade, de individualismo, de luta pelo poder, pelo ganho pessoal. Dentro de um modelo econômico não exploratório, de conservação da natureza e do bem estar da humanidade, a destinação do dinheiro público tem um peso muito importante. Claro que ela o tem independentemente disso, mas não podemos negar que esse fato tem sido ignorado freqüentemente principalmente pelas próprias campanhas eleitorais (um grande marketing pessoal sem propostas políticas e sim administrativas). Se o dinheiro público não servir ao bem público, de que adianta tratarmos tanto de sustentabilidade?
Hoje, dia 7 de setembro, comemora-se a Independência do Brasil. Hoje também os brasileiros estão se organizando em manifestações contra a corrupção em muitas capitais, com foco central em Brasília. Com o nome de “Caras Pintadas Contra a Corrupção” em São Paulo, mas com nome de “Basta” em outros estados, a manifestação organizada no vão do MASP atraiu jovens, famílias com crianças pequenas, idosos e até mesmo um grupo de motoqueiros HD.
Apesar de algumas vozes lutando por causas individuais (panfletos de políticos e de partidos, jovens buscando confrontos, dissidentes querendo expandir a manifestação para uma situação de perigo, desconsiderando claramente a quantidade enorme de crianças que ali estavam), a maioria dos “caras pintadas”, vestidos ou de preto ou com as cores do Brasil, cantaram em uníssono pela reforma política. O nosso hino nacional foi o ápice da manifestação, cantado inteiro, duas vezes após a caminhada pela Av. Paulista. O evento atraiu os olhos da mídia que cobriu com bastante energia o protesto.
Em meio à multidão diversificada, algumas mensagens faziam parar os fotógrafos, chamando a atenção dos transeuntes e mesmo dos colegas de manifestação. Uma delas chamou minha atenção: “Por uma cidade sustentável”. Pensei que não podia haver hora nem lugar melhor para clamarmos nossa bandeira verde do que em uma manifestação contra a corrupção, contra a injustiça social e contra a mentira.
Que todos os brasileiros aproveitem o feriado de hoje para usarem o verde, o amarelo e o azul, lembrando o que essas cores representam em nossa bandeira: nossas florestas, nossos minerais, nossas águas e nosso céu. Preservar a nossa gigante natureza é preservar também a nossa bandeira. E vice-versa.
Luciana Sonck
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